É fácil me fazer chorar
Cansada do trajeto campo-hotel-campo-supermercado (quando ele está aberto!), madruguei na terça-feira para conhecer Lucerna. De carro, a gente chega lá em 20 minutos...Eu tô sem carro, então peguei o meio de transporte mais famoso aqui da vila. É um barco poderoso, grandão, que tem até primeira classe e restaurante. Só que é parador. Leva uns 40, 45 minutos no caminho. Tô aqui pra trabalhar e não pra passear, então, pra aproveitar bem, peguei o primeiro do dia, às 07h02. A Suíça é fogo: o barco saiu exatamente às 07h02.
Cheguei em Lucerna antes das oito e fiquei deslumbrada com a cidade. É pequena na medida certa. Tem um monte de cafés, lojinhas fofas e uma vista linda do lago Lucerna, com uma p. arquitetura. Andei o quanto pude até às 10h30 para pegar o barco de volta e ter a certeza de chegar em Weggis às 11h15. Afinal, a embarcação nunca pega trânsito e eu não duvido da pontualidade suíça. O frio tava insuportável, mas, em barco, eu só ando do lado de fora. E tô lá eu, amarradona no visual, quando avisto meu hotel na beira do lago...ops..hora de me preparar pra saltar. Fiquei lá na portinha esperando. A gente chegou no cais e me deu pena de ver um dos tripulantes puxando a corda para se aproximar da terra firme. Mas o cara conseguiu encostar rapidinho...E nem deu tempo de achar nada estranho. Coisa de um minuto depois, o barco simplesmente partiu, zarpou, foi-se embora. E não abriu a porta pra mim. Eu- não-sal-tei! Fiquei lá com cara de pata, falando pro tripulante: "Meu Deus, como vocês não avisaram q não iam parar??!!!! Eu tenho que trabalhar às 11h. E agora? Por favor, dá a ré nessa joça!!!!". O guardinha - que não falava inglês direito - só me respondia que era impossível e que meu destino seria a próxima parada.
Nessas horas, você se sente totalmente impotente num barco. Se estivesse quente, me jogava na água. A gente não tava nem a três metros de distância quando reclamei. Mas a oito graus, não tinha outro jeito: chorar! Meu olho encheu d'água e fiquei fazendo uma força enorme pra não pagar esse micão (já tenho cabelo branco na cabeça, né?!). Por sorte, a próxima parada ficava a dez minutos de distância. E, a essa altura, eu tava bem no centro de uma roda de pessoas que me olhavam, comovidas com a minha história. Todo mundo tentando me consolar de alguma forma. Uma senhora suíça, fofa, entrou na roubada comigo. Ela também perdeu o ponto e fazia todas as traduções para mim. De repente, me diz: eles estão telefonando para o motorista de ônibus (de linha) na próxima parada. Ele vai esperar a gente chegar lá antes de levar os outros passageiros a Weggis.
Realmente a Suíça não pára de me surpreender.... No fim, já estava tentando abrir um sorriso para os outros tripulantes. Dez minutos depois, chegamos no cais de Vitznau, o vilarejo seguinte. Um outro tripulante veio me dar tchau e avisou: "Agora, sim, você conseguiu sair porque está esperando na porta certa do barco"!!!! Ainda tive que ouvir essa... Realmente eu é que estava errada. Admirando a paisagem, não me dei conta de que não estava no lugar correto para saltar. Coitada da senhora suíça que foi me seguir e também se deu mal.
Em terra firme, a pontualidade suíça mais uma vez se apresentou: o motorista estava lá, esperando a gente. E se algum outro passageiro reclamou do atraso do ônibus, a culpa foi de uma brasileira.
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Fui a Basel (Basiléia) ontem para assistir ao primeiro amistoso da Seleção. Descobri que amarelo não favorece os gordinhos. Ali deu pra ver que Ronaldo - sempre usando camisa larga azul nos treinos - está realmente um touro.
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Ai, lojas, muitas lojas....Fiquei um pouco perdida em Basel....Uma semana em Weggis e já estava na maior crise de abstinência.