Como viajar pelo mundo, sem gastar muito

Uma das coisas legais do meu trabalho é poder conviver com gente diferente. Não só de nacionalidade diferente, mas com modo de pensar, viver, etc e tal.

Há duas semanas, aportou (literalmente) no meu trabalho um novo maluco. Adorável, como todos os malucos beleza. Ele veio da Europa para o Brasil de barco. Sozinho. Sem tripulação para ajudar. Sem marinheiro, como observou chocada uma amiga. Levou uma semana até as Ilhas Canárias, onde fez uma paradinha, e enfrentou sozinho um mês de mar aberto até Recife, sua primeira parada no Brasil.

Ontem, ele estava tentando me ensinar como fazer para viajar pelo mundo, sem muita grana no bolso. A ordem, óbvio , é gastar o mínimo de dinheiro possível. Esse maluco, por exemplo, não tem casa fixa. Vive no barco, que é próprio, e trabalha seis meses por ano. Roupa só compra se for de segunda mão. Se puder, ele inclusive pega roupas achadas no lixo.

- No lixo?? – me espantei. – Mas em qual país do mundo se acha roupa usável no lixo???
- Nas Canárias. Lá eles deixam ao lado do lixo as roupas que não querem mais.

Não pude deixar de rir e convidá-lo para dar uma reviradinha no lixo brasileiro, para ele ver a qualidade que é. Ele nem se abalou. Disse que a camisa que vem usando, há bem uns três dias diga-se de passagem, foi comprada no Brasil por apenas R$ 15. E ainda me chamou atenção por ter cortado o cabelo em um salão. Para ele, qualquer amigo meu – de repente até ele – faria o serviço de graça. E ele deve achar que daria o mesmo efeito.

Então, se vocês me virem por aí usando roupas esfarrapadas, furadas, amareladas por dias seguidos, com o cabelo todo mal cortado num bad hair day eterno, já sabem: estou levando muito a sério o sonho de viajar pelo mundo.