Tudo é ‘Estamira’

Mesmo antes de o filme entrar em cartaz, a catadora de lixo Estamira já é conhecida do público devido à grande quantidade de matérias sobre o documentário de Marcos Prado, que acompanha um período da vida dessa mulher de 63 anos, que vivia no Jardim Gramacho, em Duque de Caxias.

Ontem, tive a oportunidade de assistir à pré-estréia do filme. Já tinha lido bastante a respeito, que uns achavam uma obra-prima, outros que o diretor estava se aproveitando de uma mulher com problemas mentais para se promover. Era a minha chance de tirar a prova dos nove.

Não dá para negar que Estamira é um personagem e tanto. Foi casada duas vezes, teve três filhos, tem momentos de lucidez na sua loucura e também muitos (e tristes) surtos. Não pode ouvir falar em Deus que vira bicho e desfia um rosário de palavrões de dar inveja (essa parte é muito boa).

Tem partes ótimas, como quando ela fala em uma língua que ela mesmo inventou (me fez lembrar de quando eu era criança e eu e minha vizinha ficávamos na porta de casa falando enrolado para fingir que era inglês e tínhamos certeza de que quem passava acreditava. Hahahah).

Mas o que mais me impressionou, no entanto, foi a vida da Estamira antes do lixão. Era ela uma pessoa normal, com família, marido…e aos poucos foi virando a Estamira de hoje. Parece que qualquer um pode se tornar uma Estamira.

Bom ou ruim, a certeza é que a Estamira não vai passar em branco para ninguém.